Tibete

E finalmente as foto à tanto pedidas da minha viagem a essa mítica província da China. Digo-vos que não é daquela região inacessível e remota, perdida no meio da Ásia com os Himalaias como vizinhos, mas também não é uma viagem que seja fácil de encontrar em qualquer agência de viagens. É fácil de arranjar visto para entrar na China através do consolado em Lisboa, mas a entrada no Tibete é "negociado" a partir de uma agência de viagens chinesa. Estive várias semanas a tentar organizar este ponto, porque devido à diferença horária o mail de hoje só é respondido amanhã e assim sucessivamente, já para não falar das vezes sem conta que telefonei para a agência de viagens para obter as respostas, e do outro lado respondia uma chinesa com claros problemas com o inglês. Apesar de tudo correu tudo na perfeição, sendo o balanço bastante positivo.
Uma última nota, ao contrário de muitos destinos turísticos da moda, em que se sair do resort existe 100% de probabilidade de se morrer com uma doença má, o único problema na China é a água que deve ser fervida antes de consumida, motivo pelo qual os Chineses bebem muito chá, de resto não à qualquer problema.
Em relação à região, certas paisagens parecem tirados de um filme de Hollywood. Cidades rodeadas de montanhas, campos de cultivo a perder de vista sempre com as montanhas no horizonte, lagos sagrados salgados com uma cor impossível, neves eternas, templos budistas milenares, peregrinos a andar em volta dos templos a recitar rezas que os pais lhes ensinaram e que os avós ensinaram aos pais...

Foi um viagem de recordes para mim:

• 5 aeroportos diferentes, tendo passado por eles logo na viagem para Lhasa;

• Lisboa até Lhasa foram 24 horas de viagem, sendo um total de 20 horas de aviã0;

• Altitude máxima da viagem ficou nos 5059m registada pelo meu GPS, que não gostou muito e ia ficando bloqueado nessa altitude ;);
• Viagem de comboio entre Lhasa e Pequim levou 47 horas, duas noites dormidas no comboio;
• Total de mais de 20000km percorridos, sendo mais de 4000km de comboio.
  

Depois de algum tempo a pensar como devia organizar toda a informação fotográfica (mais de 2000 fotos) da viagem, resolvi dividir por temas e não por dias, para em cada post poder controlar melhor o assunto.

Todas as fotos são as originais tiradas pela minha máquina, não há photoshop ou outro programa. Digo isto pois já foram levantadas dúvidas se era mesmo reais ;).

E as montanhas aqui tão perto. Aproveitaram o vale escavado por um rio como corredor de acesso ao aeroporto. De tal forma que em certos momentos voamos ao lado as montanhas.Aeroporto no meio das montanhas perto dos 4000m.

A caminho de Lhasa, passando por um dos larguíssimos rios.

Entrada para uma túnel feito pelos chineses que reduz um 1 hora o tempo de viagem do aeroporto até Lhasa. (sim, é um carro da policia a ultrapassar com traço continuo :P)

Iaque, o animal muito típico esta zona que em zonas mais remotas é o muito de subsistência por excelência das gentes.

Rio Lhasa.

Montanhas de areia, a mais de 3000m do nível do mar, uma prova que esta região em tempos já esteve debaixo de água. Existem também vários lagos salgados que o provam. Todas a teorias de formação da terra fazem sentido quando passamos por estes locais. À 70 milhões de anos a placa Indo-australiana colidiu com a placa Euroasiática, começando a formação dos Himalaias. A placa Indo-australiana ainda se move numa proporção de 67 mm/ano, e nos próximos 10 milhões de anos avançará cerca de 1500 km para o interior da Ásia. Cerca de 20 mm/ano da convergência da Índia com a Ásia é absorvida pela elevação ao longo da frente sul do Himalaia. Isto, leva os Himalaias a elevar-se cerca de 5 mm/ano; fazendo com que eles sejam geologicamente activos.

Muito típico ver animais a andar pelas ruas nas cidades mais pequenas.
Habitações típicas tibetanas.
Bandeiras de oração em cima dos telhados para dar boa sorte à casa e aos seus.
Primeira vez que vi neve no Tibete a partir do chão, mal eu sabia o que o dia nos reservava.Mais iaques.
Perto dos 5000m e aqui está aprova.

Bandeiras de oração, sempre presentes por todo o lado que nós andássemos. São o equivalente às nossas velas na religião católica, usadas para fazer uma promessa. O curioso são as diferentes corres que o conjunto das várias bandeiras têm e a harmonia que formação. Cada bandeira tem a sua oração, devendo-se por a bandeira azul mais altas que as outras. Subindo para a passagem de Kambala, única forma de chegar ao lago sagrado de Yangdrok.

Ponto mais alto da passagem Kambala, com frio e alguma chuva e mais perto dos 5000m.
A minha linda a fazer festas a um iaque, na passagem de Kambala. Ao fundo o lago sagrando de Yangdrok, do qual vou por fotos noutro post.
Paragem perto do lago sagrado de Yongdrok.
E a neve ali tão perto.
Paragem para o almoço com a nossa "máquina" em destaque.
Em direcção ao glaciar de Kharola.
Estada de montanha e o problema das derrocadas.
Aldeia típica no meio de nada e dos pastos.

Era a altura das colheitas de cevada, o cereal que mais se cultiva por estes lados e um meio de sustento para muitas famílias.

Moinho de água, mas por estes lados são a única forma de fazer farinha.
Dentro do moinho.
Mercado local.
As minhas companheiras e o nosso guia numa das muitas casas de chá.
Bandeiras de oração espalhadas pela encosta.
Campos de cevada ceifados.

Uma das características das paisagens do Tibete é a não existência de árvores. Por este motivo as populações locais aprenderam a aproveitar tudo o que estava disponível. Deste modo a bosta de vaca e de iaque é moldada e "arrumada" para ser queimada no Inverno como combustível. Na foto abaixo podem ver rodelas de bota arrumadas em cima do muro e coladas ao muro. Vi o processo de colocação na parte vertical do muro que é feita à mão, daí a forma dos dedos que se poder ver. Estamos habituados a ter gás e electricidade, a maioria deles não tem num uma coisa nem outra, só o Sol que também aproveitam ainda mais que nos.

Mais um belo local para viver.
Fardo de restos dos restos da colheita da cevada, nada é desaproveitado.
Passagem outra vez pelo ponto mais alto da viagem.Mantra escrito numa encosta,....
Casa típica recuperada.Uma curta paragem na estrada perto de uma stuba, deu para tirar mais algumas fotos e ver mais de perto o local. Senhora a mungir uma vaca.
Casa típica.
Mantas numa pedra.
Templo na encosta.
A viagem até Pequim foi feita de comboio, onde tivemos de percorrer todo a planalto do Tibete. No conforto do comboio, os cenários lá fora eram incríveis.
Na última carruagem do comboio, havia uma porta com um janela em vidro que dava para as traseiras. Deu uma bela foto.
Resta-me continuar pelos outros posts a partilhar mais fotos.

Agradeço a minha namorada por me ter convidado a fazer esta viagem. Na altura do convite ainda éramos amigos mas mal nos falávamos, o que tornou os preparativos desta aventura um catalisador para nos conhecermos e vermos que tínhamos muito em comum. Vivemos esta viagem como se já nos conhecesse-mos bem há anos, mais virão ;)
Uma última nota para a outra aventureira, que com as suas boas energias teve paciência para nós os dois.
Obrigado hás duas, ao nosso guia e ao motorista.